As meninas skatistas do Afeganistão

Quando a fotógrafa britânica Jessica Fulford-Dobson visitou Cabul, no Afeganistão, pela primeira vez, em 2013, logo notou dois fortes aromas no ar: “as rosas, que vivem muito bem naquele clima, e o asfalto, já que os trabalhos de recapeamento das ruas estava a pleno vapor”. E foi no asfalto que Fulford-Dobson encontrou um surpreendente grupo de meninas que estão aprendendo a andar de skate – em um país onde até a bicicleta é considerado um tabu para as mulheres.
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As garotas são objeto de um ensaio em um recém-lançado livro, Skate Girls of Kabul (“As Skatistas de Cabul”, em tradução literal). (Todas as fotos foram cedidas por Jessica Fulford-Dobson). Na introdução do livro, a fotógrafa escreve: “É fácil achar que meninas afegãs andando de skate representam um estranho choque de culturas. Mas quando você vê essas garotas com suas belas roupas coloridas e esvoaçantes cruzando a pista de skate, rindo e vibrando, nossos preconceitos caem por chão”.

“Mas, assim como qualquer menina no mundo, se elas têm a chance de fazer algo que amam, começam a descobrir suas próprias personalidades e estilos”, afirma Fulford-Dobson. A ONG afegã Skateistan começou com um projeto pequeno em 2007 e hoje ensina o esporte para mais de 1,2 mil crianças toda semana.

“Uma coisa impressionante do skate é que ele demonstra o quanto essas garotas são firmes e resilientes”, diz a fotógrafa. “Elas se jogam com uma coragem incontrolável e quando caem, levantam-se e voltam para o fim da fila para tentar a manobra de novo.” Para ela, o skate está mostrando a força, o entusiasmo e o otimismo das jovens afegãs de hoje.

Como Fulford-Dobson visitou Cabul sozinha, conseguiu conquistar a confiança das garotas. “Passei algumas semanas com elas e, mesmo tendo que me comunicar através de um intérprete, comecei a perceber a personalidade de cada uma – inclusive pela maneira como elas andam de skate”, conta.

Esta foto ganhou o segundo lugar em um concurso realizado pela National Portrait Gallery, de Londres, em 2014. Para registrar a imagem, Fulford-Dobson conta que deixou a menina, de 7 anos, encontrar sozinha a pose em que se sentia mais confortável. “Esta foi a última foto que fiz dela, antes de ela sair correndo para a escola. Mesmo parecendo tranquila, ela estava mesmo com muita pressa”, revela.

“O que mais gosto neste retrato é a segurança que a menina transmite com seu olhar firme.” “Quando você vê os retratos em sequência, é bonito observar tantas personagens diferentes refletidas em suas posturas e suas roupas”, afirma. “Usei apenas luz natural.” A Skateistan leva crianças vulneráveis ao sistema escolar – mais da metade de seus alunos trabalha nas ruas.

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