Fotógrafo documenta transformações de ex-república soviética

Uma retrospectiva das quatro décadas de carreira do fotógrafo ucraniano Boris Mikhailov está em cartaz a partir deste sábado na galeria Dominique Lévy, em Nova York. Entre as obras à mostra estão as 55 fotografias da série 'Crimean Snobbism' (Esnobismo da Crimeia, em tradução livre).
'At Dusk' faz parte de uma trilogia iniciada em 1991 e formada também pelas séries 'By the Ground' e 'Case History', nas quais Mikhailov retrata os destituídos que perambulam por Kharkov. "As ruas refletem os processos sociais como um espelho", diz. A exposição 'Boris Mikhailov: Four Decades' (Boris Mikhailov: Quatro Décadas) fica em cartaz até 8 de fevereiro de 2014.
"Tenho interesse nas pessoas e nas coisas que elas fazem, e sinto que sou parte de um processo social mais amplo", diz Mikhailov. As imagens da série 'At Dusk' têm como característica os tons de azul. "É, para mim, a cor do bloqueio, da guerra, da fome", diz o fotógrafo.
Nascido em 1938, Mikhailov começou a fotografar nos anos 1960. Atualmente, vive e trabalha entre Berlim e Kharkov. "Seu trabalho retrata a distância que separa ideologia pública e vida privada no Leste Europeu pós-comunista", dizem os organizadores.
As fotografias de Mikhailov exploram a decadência vivida pela Ucrânia, primeiro como parte da União Soviética e, depois, a partir de 1991, com sua dissolução. Sua cidade natal, Kharkov, é cenário de grande parte das fotos, como as da série 'At Dusk" (No Crepúsculo, em tradução livre), de 1993.
Para os organizadores da mostra, as imagens desta série "exercem uma força quase apocalíptica, colocando em dúvida nossa concepção de sociedade civil, comunidade e governo, e convidando-nos a reconsiderar as diferentes formas pelas quais esses conceitos foram instituídos".
Considerado um dos principais fotógrafos da antiga União Soviética, Mikhailov documenta com suas imagens as mudanças sociais, econômicas, ideológicas e institucionais sofridas pela Ucrânia.
"No que parece, à primeira vista, um álbum de férias, Mikhailov faz sua crítica das condições da época, quando esse tipo de lazer despreocupado era pura ficção para os cidadãos soviéticos", dizem os organizadores da mostra.
Na série, de 1981, o fotógrafo e seus amigos aparecem como um grupo de turistas aproveitando a paisagem idílica de Gurzuf, na Península da Crimeia, ponto de encontro de intelectuais russos desde o século 19.
Segundo os organizadores da exposição, as imagens captadas por Mikhailov "são retratos que atraem o espectador para um mundo de humor, luxúria, vulnerabilidade, sobrevivência, envelhecimento e morte – algo que soa estrangeiro e específico mas, de alguma maneira, perturbadoramente próximo".

Comentários